segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Feijão-macuco (Pachyrrhizus tuberosus)


Figura: Raiz tuberosa do feijão-macuco.
Autoria: Neide Rigo

Pode-se dizer que a planta de utilidades múltiplas, conhecida como feijão macuco, jacatupé, feijão batata entre outros, não é tão conhecida assim. “O feijao macuco é nativo do alto solimões e norte da América do Sul” (LIMA; BIONDO). Apesar da planta ter servido como fonte de alimentos para muitos grupos indígenas, especialmente aqueles que habitam na Amazônia ocidental (RIGO 2009), ela tem caído no esquecimento do restante do contingente populacional brasileiro.
Talvez o aspecto mais intrigante do feijão macuco seja que, de um modo geral, só a raiz é consumida como alimento. Isso porque a parte aérea da planta é toxica e, em termos gerais, só a raiz pode ser consumida com segurança. Por isso o feijão macuco é considerado uma hortaliça tuberosa, pois é a raiz tuberosa o órgão consumido. A raiz do feijão macuco armazena material energético e nutritivo, o amido. O tamanho da raiz do feijão macuco costuma ser avantajado; pode chegar a pesar de quatro a cinco quilos.
Como já foi mencionado anteriormente, a porção aérea da planta do feijão macuco é tóxica. Essa toxicidade se da pela grande concentração de rotenona, substancia que se encontra nos caules, folhas, vagens, sementes e flores do feijão macuco, assim como em outras espécies de plantas. Os índios utilizavam a rotenona do feijão macuco, assim como a rotenona encontrada no cipó conhecido como timbó, para intoxicar peixes em igarapés, lagos e outros pequenos corpos d’água, isso facilitava a pratica da pesca.
Na atualidade o feijão macuco, especificamente suas sementes, servem de matéria prima para as indústria que, com a rotenona que se encontra presente na planta, produzem artigos tais como venenos para ratos e inseticidas. A rotenona da planta pode ser utilizada em sistemas agroecológicos, atuando como inseticida natural que oferece vantagens atraentes: controla a população de insetos herbívoros sem que para isso seja ocorra como consequência a poluição do solo e das águas que se encontram nos entornos da plantação em questão. Embora seja a raiz a parte da planta consumida como alimento, é importante apresentar uma ligeira mas importante ressalva: as vagens do feijão macuco também podem ser ingeridas com segurança com tanto que sejam bem novinhas, pois a concentração de rotenona vai aumentando à medida em que o órgão amadurece (RIGO, 2009).
Na cozinha a raiz do feijão macuco pode ser utilizado de diversas maneiras. A raiz pode ser consumida crua em saladas. A nutricionista Neide Rigo, que ganhou fama com o seu blog “come-se” que explora muitos ingredientes não convencionais, descreve a polpa branca do feijão macuco cru como, “doce, suculenta e crocante” (RIGO, 2011).  Em outro post a Neide Rigo diz que “Quanto mais velho o jacatupé, mais adocicado”. (RIGO, 2010) Outra opção de preparo ao qual o feijão macuco pode ser submetido é o cozimento, processo que faz com que a polpa da raiz da leguminosa vá de crocante para mucilaginosa. Além de ter propriedades diuréticas e uma grande concentração de proteínas, o feijão macuco é rico também em amido o que viabiliza a produção de uma fécula de ótima qualidade que pode ser utilizada na confecção de bolos e pães (RIGO, 2009). A raiz do feijão macuco lembra muito os brotos dos bambus comestíveis, tanto que se tornou um substituto do o ingrediente tradicional nas preparações da culinária chinesa. É comum, portanto, que o feijão macuco receba o mesmo tratamento que os brotos de bambu recebem na culinária chinesa, sendo refolgado com molho de soja, shoyu. Resta agora esse alimento de tantas propriedades ser resgatado e reintroduzido à mesa dos brasileiros.


Figura: Salada de Jacatupé
Autoria: Neide Rigo


Referências

FEIJÃO-MACUCO, planta nativa do alto Solimões. Direção: Taina Lima; Moacir Biondo. Produção Ervas e Plantas. Vídeo cibernético (7:05 min). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=x-LVlJ2j6PY>. Acesso em: 31 de agosto de 2011.    

INPA. Hortaliças alternativas para a Amazônia. Disponível em: <http://www.inpa.gov.br/cpca/areas/hortalicas.html>.  Acesso em: 31 de agosto de 2011.


RIGO, Neide. A volta do jacatupé. 2011. Disponível em: < http://come-se.blogspot.com/2011/08/volta-do-jacatupe.html >. Acesso em: 31 de agosto de 2011.

RIGO, Neide. Jacatupé é o que é. Ou feijão-macuco. Ou jicama. 2009. Disponível em: < http://come-se.blogspot.com/2009/05/jacatupe-e-o-que-e-ou-feijao-macuco-ou.html >. Acesso em: 31 de agosto de 2011.


RIGO, Neide. Ingredientes inusitados em lugares improváveis 2: Viva México. Ou nopalitos e chipotles. 2010. Disponível em: < http://come-se.blogspot.com/2010/09/ingredientes-inusitados-em-lugares.html >. Acesso em: 21 de setembro de 2011.


SILVA, Tadeu Montanaro. Onde encontrar sementes e mudas de hortaliças e plantas que saíram de “moda”, como jacatupé, ora-pro-nobis, taioba, entre tantas outras? Globo Rural. Itumbiara, GO. Disponível em: < http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,ERT231744-18289,00.html>. Acesso em: 31 de agosto de 2011.








Componentes:
Maria Carolina Argenton Silva Abreu
Matheus
Ray
Rodrigo
Robert

Orientador:
Jorge da Hora





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